Em um mundo em que um número cada vez maior de pessoas está tentando monetizar conteúdos, chamar a atenção de uma grande marca pode ser uma tarefa difícil, mas não é impossível.
Para simplificar essa missão, listamos os três erros mais comuns da monetização de conteúdos (e o que você pode fazer para evitá-los).
1. Mídia kits e métricas superficiais
É difícil encontrar um influenciador digital que não possua um mídia kit; mas encontrar um influenciador com um mídia kit de qualidade é, infelizmente, raro.
O mídia kit nada mais é do que um pequeno portfólio do que o influenciador tem a oferecer. Nesse sentido, o primeiro objetivo de um kit é mostrar à marca interessada o tipo de conteúdo que o influenciador pode criar e o que a marca pode esperar da parceria. Uma das melhores maneiras de fazer isso é, por exemplo, com a inclusão de métricas concretas que foram coletadas nas redes sociais do influenciador.
O problema é que, na maioria das vezes, esses kits apresentam informações irrelevantes, como as chamadas “métricas superficiais”.
As métricas superficiais exibem dados como o número médio de curtidas em uma foto, uma média dos níveis de envolvimento ou então o número total de seguidores, leitores ou acessos. Por mais que sejam dados importantes, são apenas indicadores de popularidade e dificilmente ajudarão uma marca a determinar o potencial de sucesso de um influenciador.
E, quando um criador não consegue transmitir os dados que o qualificam para trabalhar como parceiro de uma marca de sucesso, ele acaba perdendo oportunidades valiosas de monetização.
Marcas que procuram criadores de conteúdos estão atrás de dados como:
- Taxa média de cliques;
- Taxa média de conversão;
- Informações demográficas sobre os seguidores;
- Dados comportamentais, como os interesses dos seguidores.
Vale lembrar que faz parte do trabalho de um criador de conteúdos estar a par das necessidades, desafios e problemas presentes na rotina de seus seguidores. Esse tipo de informação ajuda as marcas a analisarem o público que possivelmente receberá os produtos e avaliarem se há potencial para uma parceria de sucesso com o criador.
Para uma marca à procura de um criador de conteúdos, nenhuma métrica é tão importante quanto o ROAS.
Para uma marca à procura de um criador de conteúdos, nenhuma métrica é tão importante quanto o ROAS (Return on Ad Spend). Isso quer dizer que, para criadores, ter esta métrica contabilizada pode garantir parcerias melhores.
Falando em parcerias, é sempre bom reforçar o fato de que elas só existem se as duas partes envolvidas contribuírem para o resultado final. Se a sua preocupação é o desempenho de um anúncio, a melhor coisa a fazer é compartilhar com a marca alguns insights sobre o seu público-alvo.
Saber o que a marca espera conseguir com uma parceria também é algo extremamente valioso para criadores de conteúdos. Muitas lojas, afinal, não estão interessadas apenas em aumentar o número de vendas. Se o seu objetivo final é criar uma parceria duradoura, vale a pena investir em um trabalho cuidadoso para dimensionar o valor da marca e dos produtos com base nas métricas coletadas.
Mas... Quais métricas?
Bom, valores como o número de seguidores que foram fidelizados depois de uma determinada promoção, o número de compartilhamentos que aquela publicação recebeu, a quantidade de pessoas que se cadastraram no site da loja e mais.
Entender a forma como o seu público se relaciona com a marca é uma etapa essencial para construir parcerias duradouras e conquistar marcas de alto calibre. E, se você conseguir incluir no seu mídia kit as métricas que discutimos acima, terá chances reais de se destacar da concorrência.
Lembre-se: o objetivo de um mídia kit não é mostrar a popularidade dos seus perfis nas redes sociais, mas, sim, anunciar para as marcas o que você pode fazer por elas.
Leitura recomendada: Como pedir permissão para usar o conteúdo gerado pelo usuário
2. Definir a si mesmo como “influenciador”
O segundo erro está no modo como você se apresenta para o mundo. Embora muita gente prefira o termo “influenciador”, que parece bem mais descolado do que “criador de conteúdos que possui um alto número de seguidores e monetiza conteúdos próprios criados em parcerias com marcas”, definir a si mesmo como “influenciador” pode fazer com que as marcas acabem se afastando da sua imagem.
O motivo? A maioria dos influenciadores prefere trabalhar apenas com os posts patrocinados. E isso é incrivelmente limitador, especialmente aos olhos de uma grande marca.
Coisa parecida acontece com o termo “afiliado”, que carrega um certo estigma e, por vezes, acaba passando a ideia de um serviço de baixo valor; como se a maior preocupação do afiliado fosse anunciar, e não criar uma experiência exclusiva para o cliente.
Por mais que o marketing de afiliados seja um método empresarial altamente popular e lucrativo, ele nem sempre foi visto pelo mundo dos negócios como algo particularmente positivo. Por isso mesmo, ainda é bastante comum encontrar marcas e empreendedores que torcem o nariz ao ouvirem o termo.
Na hora de se identificar como profissional, portanto, pode ser uma boa ideia evitar o termo “afiliado”; afinal, você não quer passar a impressão de que os seus conteúdos são menos valiosos dos que o de um influenciador, não é mesmo?
Influenciador ou afiliado: qual é a diferença?
O influenciador é um professional que cobra um valor fixo por uma publicação específica nas redes sociais e costuma ser contratado por marcas que têm, como objetivo principal, aumentar o alcance e conquistar um público maior. Isso significa que o tipo de conteúdo produzido é um do tipo topo de funil (ToFu) e pode ou não ter um impacto imediato.
Assim como acontece com os conteúdos publicados por celebridades, os conteúdos dos influenciadores são projetados para estabelecer uma relação de confiança e não geram um crescimento imediato no número de vendas da loja.
Um afiliado, no entanto, segue um modelo de desempenho na hora de monetizar seus conteúdos – o que significa que ele recebe uma comissão específica por cada venda, download ou conversão realizada.
O trabalho de um afiliado, portanto, é realizar uma venda, e isso significa que as estratégias utilizadas são do tipo fundo de funil (BoFu). O grande ponto positivo dos programas de afiliados, no entanto, é a existência dos links rastreáveis: com eles, as marcas podem determinar o valor de cada afiliado e, com o tempo, formar parcerias mais estáveis e duradouras.
Afiliado ou influenciador, a escolha é sua. O que esses dois modelos têm em comum é o simples fato de que ambos possibilitam a monetização de conteúdos, mas a verdade é que as marcas não querem saber se você é um influenciador, um afiliado, um embaixador ou seja lá o que for.
Você será um profissional valioso se conseguir informar, entreter e inspirar o seu público; e, se comprovar o seu trabalho com as métricas certas, verá que um número cada vez maior de marcas começará a procurar os seus perfis.
Você será um profissional valioso se conseguir informar, entreter e inspirar o seu público.
Só que, infelizmente, ter muitas parcerias pode levar ao maior erro de todos.
3. Investir em um único modelo de monetização de conteúdos
Como já vimos, o que realmente importa não é o nome que você utiliza para descrever a sua atividade, mas sim a sua capacidade como criador de conteúdos.
Uma marca que entra em contato com um criador está atrás de informações específicas: ela quer saber se conseguirá uma parceria capaz de gerar resultados concretos e um conteúdo exclusivo que consiga impactar positivamente o número de vendas, conversões ou downloads. E se, em uma estratégia a longo prazo, o número de vendas realizadas conseguirá superar o valor que foi inicialmente investido na contratação de um criador de conteúdos.
Uma marca que trabalha com um influenciador, por exemplo, nunca sabe ao certo o conteúdo que virá naquele post patrocinado e tampouco consegue avaliar o número real de acessos que aquele post gerou; mas, em um modelo de desempenho, a coisa é diferente. Como as marcas só pagam um percentual com base no valor que recebem, elas também conseguem controlar o que está sendo vendido e como as estratégias de marketing serão otimizadas.
A verdade é que a profissão do influenciador está se adequando às novas expectativas do mercado. Por mais que o padrão ainda seja pagar uma tarifa fixa por um post patrocinado, estamos vendo um aumento exponencial de adeptos dos modelos como o marketing de afiliados, no qual as marcas pagam os afiliados só depois de atingirem seus objetivos iniciais.
Mas por que muitos influenciadores não gostam do pagamento por comissões?
- O principal motivo está no fato de que, em muitas redes sociais, os posts patrocinados ainda são a melhor opção (o Instagram, por exemplo, não permite incluir links nas publicações, o que dificulta o trabalho de um afiliado);
- As tarifas fixas não são bem-aceitas por criadores que não estão familiarizados com outros modelos de pagamento;
- Não há como saber o valor exato dos lucros em um modelo de comissões, especialmente se o influenciador não conhecer de antemão as suas próprias métricas de desempenho;
- A criação de conteúdos exclusivos é algo que demanda tempo e dinheiro. Isso significa que, muitas vezes, é mais fácil justificar os gastos envolvidos na criação de um conteúdo de alta qualidade com um valor fixo determinado já de antemão.
Mas como, então, você pode monetizar conteúdos?
O poder das parcerias
Uma parceria de negócios é mais do que uma forma de ganhar dinheiro: é um trabalho conjunto, uma relação que envolve duas partes – e uma depende da outra para poder lucrar.
Não se trata de escolher um modelo de monetização em detrimento de outro, mas de saber trabalhar com os dois ou até mesmo criar um modelo híbrido, no qual seja possível receber um investimento inicial logo no início da parceria.
É claro que esse investimento será consideravelmente menor do que o valor total de uma tarifa fixa por post patrocinado, mas vale lembrar que você ainda receberia um segundo valor na forma de comissões.
Dessa forma, você não só conquistará uma parceria duradoura como também conseguirá um espaço para criar conteúdos mais elaborados e formular estratégias inovadoras.
Não se esqueça que tudo isso vai depender dos seus dados, das suas métricas e da qualidade dos seus conteúdos.
Se você já publica conteúdos, por que não ganhar dinheiro com isso?
Se você é um criador de conteúdos, já deve ter percebido que para ganhar dinheiro é necessário, primeiro, conhecer as suas métricas. Por mais que as métricas superficiais (como o número de seguidores e de curtidas) não sejam tão relevantes, é essencial que você saiba como oferecer uma experiência de valor para a marca.
Ainda não tem métricas mais detalhadas? Não se preocupe: você pode focar em dados como o alcance do perfil e as características do seu público-alvo (padrões de comportamento, informações demográficas e mais).
Influenciador, afiliado ou criador de conteúdos: o nome não importa. O que importa é que é possível, sim, ganhar dinheiro com a produção de conteúdos exclusivos.
A base para uma boa parceria é a criação de uma experiência valiosa para o cliente em potencial. Para que isso ocorra, você precisa levar em conta as necessidades do seu público-alvo e, ao mesmo tempo, os objetivos que foram delimitados pela marca.
Escolher a melhor forma de monetizar é uma escolha que deve ser tomada por você e pela marca com a qual está trabalhando, com base nas métricas geradas pelo seu perfil.
Boa sorte!
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Sobre a autora
Carolina Walliter é escritora, tradutora, intérprete de conferências e editora-chefe do blog da Shopify em português do Brasil.
Post original em inglês: Laura Andersen
Tradução e localização: Marcela Lanius
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