Houve uma época em que, se você quisesse viver como criador — como artista — precisava de um alguém com recursos e disposto a patrocinar e incentivar seu trabalho.
De muitas maneiras, os criadores ainda precisam de patrocinadores para apoiar seu trabalho hoje. Mas o "patrono" agora é composto pelas muitas pessoas que formam a audiência de um criador — seus maiores fãs.
YouTubers, escritores, cartunistas, músicos, artistas — criadores de todos os tipos — estão em uma posição incrível para construir um negócio em torno da grande audiência leal que consome seu trabalho. Desde mercadorias até patrocínios, palestras e vendas de livros, há muitas oportunidades para esses criadores monetizarem sua criatividade.
Dito isso, vale a pena descobrir como o Wait But Why, um dos blogs favoritos da internet e que também é amado por Elon Musk, construiu um negócio com base no seu conteúdo.
Wait But Why é um site único, alimentado em grande parte por conteúdo de longa duração com um tom sarcástico, porém reflexivo, que acumulou mais de 371.000 assinantes e recebe milhões de visitas por mês com seu conteúdo único. Tim Urban, o escritor e ilustrador por trás da maior parte do conteúdo do site, fala de tudo, desde o futuro até filosofia, de inteligência artificial a procrastinação e qualquer coisa que o interesse no momento.
Tim transforma conceitos complexos ou abstratos em algo fácil de entender e apreciar, mesmo com contagens de palavras que geralmente ultrapassam dezenas de milhares, justamente em uma era onde estudos (em inglês) dizem que as pessoas possuem a atenção mais curta que a de um peixe-dourado.
É com esse estilo, profundidade e compromisso com a excelência que permitiram ao Wait But Why aparecer na primeira página do Google para termos de busca competitivos como "procrastinação" — um verdadeiro exemplo de conteúdo 10X: conteúdo de alta qualidade e autoritário em termos de tráfego orgânico, backlinks e engajamento que gera.
Mas o mais interessante é como esses empreendedores adotaram uma abordagem voltada para o público para construir um negócio — um negócio que permite a Tim fazer o que ama com o apoio deles.
Para entender como eles monetizam o cérebro único de Tim e o conteúdo que dele flui, segue abaixo uma conversa com Andrew Finn, cofundador do Wait But Why, e o homem que cuida de grande parte do lado comercial do blog.
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Como surgiu o Wait But Why?
Tim e eu somos parceiros de negócios há quase 8 anos. Crescemos juntos e nos conhecemos desde o jardim de infância.
Temos outra empresa que começamos chamada ArborBridge, uma empresa de preparação para provas. E é isso que eu ainda faço 90% do tempo.
Tim sempre teve um blog paralelo, que começou a ficar realmente bom, especialmente quando ele introduziu desenhos no estilo “palito”. Ele sempre teve esse lado criativo que queria explorar, e chegamos a um ponto em nosso outro negócio em que não precisávamos mais de nós dois. Então decidimos arriscar, e fazer com que Tim parasse de trabalhar na empresa de preparação para provas, escrevesse em tempo integral e visse o que aconteceria.
Tim tem um cérebro criativo bem especial, então estávamos bastante confiantes de que, se ele escrevesse em tempo integral, algo bom surgiria dali, embora não soubéssemos exatamente o que.
Como tínhamos essa outra empresa, nunca fomos forçados a fazer coisas como vender anúncios ruins. Podíamos nos dar ao luxo de levar nosso tempo por alguns anos estabelecendo o site sem nos preocupar muito com a monetização, o que provavelmente é um luxo que muitos criadores de conteúdo não têm.
💬 Assuntos da entrevista:
- Desenvolvimento comercial
- Patreon
- Site de conteúdo
- Desafios
- Produtos Wait But Why
- Frequência de conteúdo
- Canais de distribuição
- Comentários negativos
- Monetização
- Dica de ouro
- Ferramentas
Em que momento o Wait But Why começou a desenvolver seu lado comercial?
Tínhamos a loja desde o início. Mas estávamos trabalhando aos poucos nela.
Sabíamos que tínhamos 2 ou 3 anos em que o site não precisava gerar dinheiro, mas então chegou um momento em que foi como, “Este site precisa se sustentar.”
Transformamos vários posts em um eBook, começamos a usar Patreon, adicionamos mercadorias e outras coisas.
Mas foi realmente só no último ano que tudo se encaixou.
O Wait But Why, como negócio, ainda está muito, muito subdesenvolvido neste momento. O objetivo agora não é ganhar o máximo de dinheiro possível. É criar o máximo de conteúdo incrível possível e o negócio eventualmente andará por conta própria.
Conte mais sobre o Patreon — o site que facilita o pagamento para os criadores
O Patreon foi um grande avanço.
No começo, não estávamos certos sobre o Patreon. Não achávamos que alguém iria nos dar dinheiro.
Mas então conhecemos os caras do Kurzgesagt — essa plataforma de vídeo incrível, agora chamada In a Nutshell — que nos recomendaram.
Acho que parte da razão pela qual deu certo para nós foi a alta sintonia com nosso público. Eles sabem que não estamos tentando vender um monte de coisas e não estamos tentando colocar anúncios em todo lugar — estamos apenas tentando criar coisas realmente legais e compartilhá-las com eles.
Se fizéssemos anúncios em nosso site e usássemos o Patreon, as pessoas provavelmente nos mandariam pastar.
Quais são as diferenças entre “marketing de conteúdo” e construir um negócio baseado em um site de conteúdo?
No final das contas, acho que se trata de descobrir se seu negócio é o conteúdo ou se seu negócio são os produtos que estão sendo vendidos. Para onde vai toda a sua atenção?
O conteúdo pode ir muito além do que os produtos — se esse é o seu foco, há muitas maneiras de ganhar dinheiro.
A diferença para nós é que estávamos construindo uma marca de conteúdo. O negócio sempre foi o conteúdo e a escrita acabou sendo a melhor maneira de fazer isso.
Como também somos empreendedores, uma coisa que pensamos foi: “Esse é fundamentalmente um bom modelo de negócio?”
Bem, ele é por duas razões:
- Escala infinitamente por causa do texto escrito e da internet.
- Você pode ter um monopólio sobre isso se sua voz for autêntica, se houver aquele “algo” que ninguém mais pode copiar.
Tim tinha outro blog por 6 anos que ele escrevia de vez em quando. Era muito engraçado, mas apenas cerca de duas mil pessoas o liam.
Há uma diferença real entre ser um escritor casual que é apenas “muito engraçado” e alguém que passa todos os dias pensando em sua escrita e no que vem a seguir — fazendo aquele mesmo post engraçado, dedicando várias horas a mais e até investindo algum dinheiro em promovê-lo.
Essa é a diferença entre Tim como um blogueiro casual e o Wait But Why.
Quais desafios você enfrenta ao construir um negócio em torno do conteúdo?
Trata-se sempre da promessa da marca.
Qual é a promessa que você está tentando trazer para o público? Qual é a voz que você está tentando alcançar? Quem é você para o seu público, quais são as expectativas em relação a isso?
Nós tentamos ser super autênticos e super honestos, e não piegas. E vender coisas pode ser meio piegas se você não fizer isso da maneira certa.
Se algum dia vendermos algo através da publicidade, será algo que realmente gostamos e pelo qual pagamos. Trabalharíamos em um acordo para que todos saiam ganhando, criando uma situação vantajosa para o público. Essa é sempre a tensão quando se trata da monetização para um negócio como esse.
A outra coisa é encontrar seu nicho. Você xinga ou não? Quão honesto você é sobre suas opiniões religiosas? Você faz coisas que podem afastar grandes grupos de pessoas?
Acho que a melhor maneira é ser 1000% autêntico e encontrar as pessoas que estão procurando por isso.
Como você obtém produtos para a loja do Wait But Why? Quais são os mais vendidos?
Temos uma empresa com a qual trabalhamos na Califórnia chamada Brand Marinade, e eles cuidam de toda a parte de mercadorias para nós — e até fazem pequenas amostras de camisetas, então são super ágeis.
Os brinquedos de pelúcia nós mesmos fazemos. Eles foram projetados e enviados da China.
Comparando maçãs com maçãs, no departamento de camisetas, os mais vendidos seriam itens relacionados ao post sobre procrastinação (em inglês), que também são os posts que geram mais engajamento.
Os brinquedos de pelúcia também vendem bem.
As coisas que tendem a ser voltadas para o cotidiano geralmente animam mais as pessoas. Não acho que as pessoas vão comprar coisas sobre inteligência artificial tanto quanto algo que ressoe pessoalmente com elas.
Outro dia, fui jantar e vi um cara usando uma de nossas camisetas do Social Survival Mammoth, o que foi bem legal de ver por aí.
Quão importante é a frequência ao produzir conteúdo?
Na verdade, não acho que a frequência seja tão importante.
Pedir a alguém que leia algo é uma tarefa enorme para essa pessoa. Acho que é mais importante que, quando você conseguir a atenção deles, você cumpra sua promessa.
No começo, para nós, eram alguns posts por semana no primeiro ano. Depois passou a ser um post por semana. Agora é uma loucura.
Tenho certeza de que a frequência importa para alguns sites. Mas há tanta coisa por aí que é apenas medíocre. Acho que se trata mais sobre estar alinhado com qualquer que seja sua promessa.
Você pode fazer 5 posts por dia se estiver tentando satisfazer aquela parte do cérebro de uma pessoa que diz: “Isso é como crack. Eu preciso de mais disso.” Ou você pode dizer ao seu público: “Eu sei que esse texto é longo, mas prometo que ele será realmente bom, porque passei muito tempo escrevendo nele.”
O que funcionou bem para o Wait But Why em termos de levar o conteúdo até as pessoas?
O Facebook tem sido o melhor canal.
Promover via Facebook é uma boa maneira de dar ao seu conteúdo a faísca que ele precisa para começar a pegar fogo.
No final das contas, é A Lei dos Grandes Números. Se você consegue escrever algo incrível para 10% das pessoas que o veem, talvez 5% dessas pessoas compartilhem.
Com uma audiência de 100 pessoas, isso significa 5 pessoas que podem compartilhar, e isso provavelmente não será suficiente para alcançar as massas. Então, se você puder mostrar isso para 1000 pessoas — e se for incrível — será mais provável que se espalhe.
Vale a pena gastar um pouco de dinheiro para chegar lá, se necessário.
Geralmente, também vale a pena fazer sindicação de conteúdo, especialmente no início, quando você está se esforçando para construir a marca. Já fomos repostados em sites como Quartz, Gizmodo, Jezebel, etc.
Como Tim lida com comentários negativos como criador?
Tim é bastante resistente quanto a isso. Ele com certeza é muito, muito mais indiferente que eu. Sempre que eu posto algo na minha seção do site, de vez em quando, começo a ficar nervoso.
Tim também teve um blog por 6 anos antes de começar este, e acho que ele resolveu muitos dos problemas antes de encontrar sua voz.
Acho que você precisa entender que a internet está cheia de humanos, e se um número suficiente de humanos ler o que você escreve, alguns não vão gostar, alguns podem até ficar irritados se for controverso, e não há muito que você possa fazer sobre isso.
Nossos leitores tendem a ser pessoas bastante inteligentes e de alto nível, então comentários negativos geralmente não são um problema.
Tim trabalha muito para garantir que ele esteja pelo menos tecnicamente correto sobre o que está escrevendo. Alguém pode discordar de sua interpretação, mas não será sobre os fatos.
De vez em quando, algo não tão bom pode acabar passando, e algumas pessoas podem deixar comentários negativos, e você pensa que é o fim do mundo.
Mas então, 3 meses depois, todo mundo já seguiu em frente. É como se aquele artigo não existisse mais.
Muito da vida é apenas um jogo mental consigo mesmo: “Estou tendo esse sentimento. Por que estou tendo esse sentimento? É um sentimento que vale a pena ter? Não, provavelmente não. Vamos trabalhar isso.”
Em que momento você acha que os criadores devem pensar em formas de monetizar seu trabalho?
Quando começamos, era tipo: vamos escrever algumas coisas. E se for incrível, o mundo vai dizer que é incrível e ele vai se espalhar. Se for apenas “muito bom”, então provavelmente não vai e você só precisa aceitar o fato de que você é apenas “muito bom” e não incrível nisso.
Porque uma nota 9 para a internet não significa nada. Há um milhão de pessoas na internet criando conteúdo e fazendo coisas. Precisa ser um 10 para ser relevante. As pessoas vão compartilhar coisas que são nota 10 — porque elas querem.
Se suas 10 horas extras estão indo para a monetização em vez de para a criação de conteúdo, e isso significa que você está apenas produzindo conteúdo nota 9, essa quantidade de esforço é o que faz a diferença entre 10x e 100x.
É melhor você crescer o máximo possível primeiro, para realmente construir seu público de fãs — seus superfãs. Após fazer isso, há muitas maneiras de monetizar um público.
Este é meio que o modelo de negócio padrão de uma empresa na internet: adquirir usuários, expandir, e então você ganha dinheiro depois.
- O Passo 1 é criar algo que as pessoas se importem.
- O Passo 2 a 10 é repetir o passo 1 quantas vezes você precisar.
Se você ainda não chegou ao ponto em que as pessoas realmente se importariam se você desaparecesse, então você ainda não chegou onde deveria estar.
O que você recomendaria a alguém que deseja construir um negócio em torno de um público?
Encontre seu nicho. Acho que, se tratando de o quão grande o mundo e a internet são, se você puder manter sua voz autêntica, isso seria incrível — pois ninguém consegue copiar isso.
Se você puder ser tudo para um pequeno grupo de pessoas, é melhor do que ser “mais ou menos” para todos.
Se o Buzzfeed desaparecesse amanhã, não acho que as pessoas realmente se importariam por muito tempo antes de seguir em frente para outra coisa. Mas se seu autor favorito — como o cara de Game of Thrones — falecer e não escrever o próximo livro, isso seria devastador.
Quais são algumas das ferramentas que ajudaram a construir o Wait But Why como um negócio?
Há tantas ferramentas, como as abaixo:
Não consigo imaginar alguém tentando fazer isso há 15 anos. Uma ou duas pessoas podem começar a construir uma pequena empresa hoje e realmente fazê-la dar certo.
Principais lições para criadores e empreendedores
Os criadores e influenciadores de hoje têm públicos dispostos a dar algo mais escasso do que seu dinheiro: sua atenção e sua confiança.
Se você tem um público estabelecido — um de verdade que ama o que você faz por ele — você está, sem dúvida, na melhor posição para construir um negócio duradouro.
É por isso que construir um público com conteúdo se tornou uma prioridade para muitas empresas que buscam desenvolver uma marca que ressoe com seus clientes, para replicar o que muitos criadores têm o dom natural de fazer: serem autênticos, interessantes e atraentes para as pessoas certas.
Seja o conteúdo uma extensão do seu negócio ou o coração dele, a autenticidade e o desejo de realmente servir a um público é o que lhe trará retorno no final.
Perguntas frequentes sobre monetizar um público
Como você monetiza um público já existente?
- Ofereça produtos e serviços relacionados aos interesses do seu público.
- Crie e venda produtos digitais como e-books, cursos e webinars.
- Ofereça serviços de assinatura ou mensalidades.
- Venda espaço publicitário em seu site ou contas de redes sociais.
- Forneça conteúdo patrocinado ou links de afiliados.
- Utilize marketing de influenciadores.
- Venda produtos físicos através de uma loja online.
- Ofereça serviços de consultoria ou coaching.
- Utilize plataformas de crowdfunding.
- Estabeleça uma série de webinars ou workshops.
O que significa monetização nas redes sociais?
Monetização nas redes sociais refere-se ao processo de gerar receita a partir de conteúdo e atividades nas redes sociais. Isso pode incluir a venda de espaço publicitário, oferta de conteúdo patrocinado, criação de conteúdo para venda ou execução de campanhas de afiliados.